quarta-feira, 17 de março de 2010


O que vinha de si era água que corre em pedras no riacho. O que vinha de si era do calor de um abraço em dia frio. O que vinha de si era como quando uma criança abre um presente que ela já sabe o que é, mas mesmo assim fica surpresa e feliz. O que vinha de si era da pluralidade de uma infinita piscina de bolinhas coloridas. E a roda gigante girava luminosa ao lado, contrastando alta com o céu escuro. Muitos pais e muitos filhos ali, e ali também estavam os dois.
Incapacitados de qualquer afeto – mas não porque não queriam, mas sim porque não podiam – incapacitados, mas desejosos, se olharam. Em ambos os olhos, havia uma infinidade transcendente de luzes castanhas que, para alegria e surpresa de ambos, era recíproca. Ele, confesso, ele temia que fosse só de sua parte toda a expectativa da possibilidade. Mas então, movido por uma inconsciência corajosa, arriscou entregar sua infinidade naquele olhar. Mas como tornar física a aceitação de que lhe era melhor a entrega, mesmo que ainda houvesse medo dela? Ele não sabia. Mas o outro soube. Caminharam até o vendedor de algodão doce e cada um comprou um para si. Se sentaram no banco. Quem por ali passasse nada veria, mas para ambos, os algodões doces, eram um afeto que estava entre um beijo, um abraço e um sorriso. Distraídos se descuidaram, e quando viram já haviam terminado o doce, e com ele a flutuação. Por um instante houve um pouco de morte em cada um. Mas se olharam, e os olhos tiveram a presença de uma abstração. Abstraíram, como sempre fizeram, e era isso que sempre os salvava.

segunda-feira, 15 de março de 2010


Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

PRESENÇA




É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

sábado, 13 de março de 2010


Duas coisas:

"Conhecer o caminho, não é o mesmo que trilhá-lo".

"Seja a mudança que você quer para o mundo".

Ghandi
Um Dia Especial
Hoje o sol resolveu amanhecer sorrindo,Em sua janela ele bate pedindo um espaço em sua vida para brilhar.Hoje o dia resolveu amanhecer feliz de bem com você,Os raios solares tocando sua pele,...

sexta-feira, 12 de março de 2010


SECULAR


O mar silenciou para ouvir teus gemidos
Em sons ecoantes, feito gritos
Instantes precisos, entre o mito e o inicio
Impróprio risco

A escuridão fria
A carne vadia
Em chamas, em euforia
Entre lábios e bocas que se mordiam

Toda a sua fome em um olhar
Toda a utopia em me domar
Todo o laço para atar
Toda a cor para pintar
A sua dor o seu penar

Eram as palavras em confusão
Eram as batidas do seu coração
Que palpitavam em ilusão
Molhadas e secas da emoção
De meus beijos provar.

Mas cuidado, vá com calma ao altar
Meu coração esta no ultimo andar
São muitos degraus a trilhar
E ainda corre o risco de quando lá chegar
O perca quando resolver pular
Da altura do abismo de amar
Alguém que não sabe contar
Quantas horas possuem um luar
De tal forma que se define SECULAR.

terça-feira, 9 de março de 2010

Te encontrar ...


São tantos as selvagerias que pulsam dentro das alegrias de um dia te encontrar, e eu nem sei ao certo de que forma és, ou do que feito é, para quem sabe me conformar.
Mais já não posso esconder o desejo de te conter em minhas entrelinhas, que já não querem viver sozinhas por medo de assim o ficar.
Sinto a necessidade de te absorver, estou a ponto de enlouquecer, por um desespero de alguém que por algum motivo quer ter novos riscos para enfrentar.
Mais é que já não a conheço, em meus sonhos quase não a vejo e estou a te lembrar.
Não sei se tenho passado por mudanças ou se só nas lembranças não consigo ver, que tudo tem um inicio ou já tivemos esse arbítrio de quem pode escolher
É preciso que um fato apague para que um novo ampare a espera de viver,
Você que se quer conheci, já não cabe em mim, e estou a esquecer
Vou atribuir a outro alguém esse desejo de me encontrar
Só não tardes demais, porque a espera é fugas e pode matar.
Sei que já a esqueci, ou sou bela atriz que vive a sorrir o que seu roteiro mandar
Um andarilho sem destino, sem limos para escorregar
Que por fim deseja chegar em terra que se possa amar.