quarta-feira, 17 de março de 2010


O que vinha de si era água que corre em pedras no riacho. O que vinha de si era do calor de um abraço em dia frio. O que vinha de si era como quando uma criança abre um presente que ela já sabe o que é, mas mesmo assim fica surpresa e feliz. O que vinha de si era da pluralidade de uma infinita piscina de bolinhas coloridas. E a roda gigante girava luminosa ao lado, contrastando alta com o céu escuro. Muitos pais e muitos filhos ali, e ali também estavam os dois.
Incapacitados de qualquer afeto – mas não porque não queriam, mas sim porque não podiam – incapacitados, mas desejosos, se olharam. Em ambos os olhos, havia uma infinidade transcendente de luzes castanhas que, para alegria e surpresa de ambos, era recíproca. Ele, confesso, ele temia que fosse só de sua parte toda a expectativa da possibilidade. Mas então, movido por uma inconsciência corajosa, arriscou entregar sua infinidade naquele olhar. Mas como tornar física a aceitação de que lhe era melhor a entrega, mesmo que ainda houvesse medo dela? Ele não sabia. Mas o outro soube. Caminharam até o vendedor de algodão doce e cada um comprou um para si. Se sentaram no banco. Quem por ali passasse nada veria, mas para ambos, os algodões doces, eram um afeto que estava entre um beijo, um abraço e um sorriso. Distraídos se descuidaram, e quando viram já haviam terminado o doce, e com ele a flutuação. Por um instante houve um pouco de morte em cada um. Mas se olharam, e os olhos tiveram a presença de uma abstração. Abstraíram, como sempre fizeram, e era isso que sempre os salvava.

segunda-feira, 15 de março de 2010


Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

PRESENÇA




É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

sábado, 13 de março de 2010


Duas coisas:

"Conhecer o caminho, não é o mesmo que trilhá-lo".

"Seja a mudança que você quer para o mundo".

Ghandi
Um Dia Especial
Hoje o sol resolveu amanhecer sorrindo,Em sua janela ele bate pedindo um espaço em sua vida para brilhar.Hoje o dia resolveu amanhecer feliz de bem com você,Os raios solares tocando sua pele,...

sexta-feira, 12 de março de 2010


SECULAR


O mar silenciou para ouvir teus gemidos
Em sons ecoantes, feito gritos
Instantes precisos, entre o mito e o inicio
Impróprio risco

A escuridão fria
A carne vadia
Em chamas, em euforia
Entre lábios e bocas que se mordiam

Toda a sua fome em um olhar
Toda a utopia em me domar
Todo o laço para atar
Toda a cor para pintar
A sua dor o seu penar

Eram as palavras em confusão
Eram as batidas do seu coração
Que palpitavam em ilusão
Molhadas e secas da emoção
De meus beijos provar.

Mas cuidado, vá com calma ao altar
Meu coração esta no ultimo andar
São muitos degraus a trilhar
E ainda corre o risco de quando lá chegar
O perca quando resolver pular
Da altura do abismo de amar
Alguém que não sabe contar
Quantas horas possuem um luar
De tal forma que se define SECULAR.

terça-feira, 9 de março de 2010

Te encontrar ...


São tantos as selvagerias que pulsam dentro das alegrias de um dia te encontrar, e eu nem sei ao certo de que forma és, ou do que feito é, para quem sabe me conformar.
Mais já não posso esconder o desejo de te conter em minhas entrelinhas, que já não querem viver sozinhas por medo de assim o ficar.
Sinto a necessidade de te absorver, estou a ponto de enlouquecer, por um desespero de alguém que por algum motivo quer ter novos riscos para enfrentar.
Mais é que já não a conheço, em meus sonhos quase não a vejo e estou a te lembrar.
Não sei se tenho passado por mudanças ou se só nas lembranças não consigo ver, que tudo tem um inicio ou já tivemos esse arbítrio de quem pode escolher
É preciso que um fato apague para que um novo ampare a espera de viver,
Você que se quer conheci, já não cabe em mim, e estou a esquecer
Vou atribuir a outro alguém esse desejo de me encontrar
Só não tardes demais, porque a espera é fugas e pode matar.
Sei que já a esqueci, ou sou bela atriz que vive a sorrir o que seu roteiro mandar
Um andarilho sem destino, sem limos para escorregar
Que por fim deseja chegar em terra que se possa amar.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Gus ...Obrigado por você ser assim:


Doce menino , doce poeta ...

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Mário Quintana
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Mário Quintana

terça-feira, 2 de março de 2010

O que pensar ??


O que pensar....???
O que pensar, o que falar?
Seria uma alma a vagar?
Não!
Vem!
Sou teu anjo e vim te resgatar
Mas que caminho queres optar?
Ceder ou ao outro enfrentar
Cobrir tua face num véu ou a ti mesmo desvendar
Se esconder no medo ou a coragem enfrentar?
Que queres tu?
Parecer Tanto e ser nada
Ou parecer nada e ser Tanto
O que preferes? o sorriso ou o pranto
Um corpo Mórbido ou um coração pulsante
Eu Sei!
Serei sempre o encanto
O Infinito ......
Na tua taça, teu vinho embriagante
No teu sono teu sonho Delirante
No teu corpo, o abraço incessante
Das mil faces, a que tu achas mais apaixonante
Serei a nota pausada do teu violão desconcertante
Por mais que da tua boca saia um não
Teu passos vagueiem e não cheguem em minha direção
Tua alma aponta, os segredos mais secretos do fundo do teu coração
E pelo avesso segue aos ventos que te trazem em minha direção
Até o Universo segue ao favor em nossa constelação
Serei o quente no teu frio
O nome no teu vazio
A calma na tua aflição
A memória mais viva, na tua distração
Os ponteiros de tuas Horas que não passarão
O olho que brilha ao te lembrar
E se ascende de todo azul mar para que tu possas mergulhar
A pele que arde a te esperar
O desejo vivo que sente o teu desejo pulsar
A boca sedenta que espera a tua saciar
A loucura sadia de tua alma encontrar
O Espírito dos poucos anos com a maturidade milenar
Os antepassados que te chama e tu finges não escutar
Teu todo, tua soma
Tua sombra, teu eco, tua imagem no espelho, teu segredo mais secreto
Teu amor predileto
Teu primeiro Prazer Completo!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Poeta amigo


Uma amiga me apresentou esse rapaz poeta e eu fiquei boba com seus poemas ...Gustavo Sinder ,parabéns e seja bem vendo aqui no meu blog.


De Gustavo Sinder...
Hoje me deu saudades
De caminhos percorridos
De histórias que não voltam mais

De carinhos cedidos e beijos dados
De sorrisos e de abraços
De conversas ao cair da tarde
De momentos nossos
E do sorriso seu

Deu-me a saudades de nossas brigas
De quando fazíamos as pazes
Saudades da chuva, frio e madrugada.
Saudades de nossas bebedeiras

Da conversa solta
Da eterna arruaça de seus sentimentos
Da eterna bagunça de meu coração

Hoje lembrei dos domingos
Das manhãs felizes ao seu lado
E de seus olhos morenos demais

Saudades de suas mãos pequeninas
De seus cabelos cheirosos
Perfumados pela noite

Saudades do falso sossego que tinha ao seu lado
Das poesias rabiscadas no desespero
Dos gemidos soltos de seu prazer

E hei de fazer de tudo, poesias.
Para que nessas horas de agonia
Eu possa me sentir sorrindo

Quantas saudades de coisas simples
Que sei, jamais voltarei a viver.
Saudade da espera que tão valia a pena
Quando te via aparecer
Sempre linda, sorrindo com seus dentes brancos
Abraçando-me e perguntando:

Demorei muito amor?

Hoje te sinto distante
O tempo passa rápido demais
Leva seu sabor... Vai me deixando velho
E com os olhos cada dia mais tristes...

Faz-me bem te ver feliz
Nos poucos encontros de nossa vida corrida
Num oi ligeiro, como sempre
E um adeus por vezes sem abraços
Sem carinho tão sem afago
Que me deixa mais longe

E hei de fazer de tudo, poesias.
Para que nessas horas de agonia
Eu possa me sentir sorrindo...

O PODER DE UMA PALAVRA ..







.
E isso é certo: algumas palavras machucam mais que gestos ... mais do que feridas carnais! Mas porquê ? Qual é o mistério que existe nelas? De onde vem tanto poder?
A Terra foi criada com palavras. Amamos através das palavras. Odiamos através delas.
Se queremos, falamos. Se estamos sufocados, usamos palavras para nos aliviar.
Palavras nos enchem e nos esvaziam. Elas fazem a perfeita ligação entre nós e quem amamos.
Palavras mudam destinos, rotas, caminhos. Com uma palavra você salva, com outra você dilacera.
Elas podem nos fazer ter esperança pra prosseguir,ou podem matar de vez os nossos sonhos.
Tudo de mais lindo é feito de palavras mas elas são controvérsias; umas destilam o bem, outras destilam o mal.
Com palavras perdoamos ou condenamos. Permitimos ou negamos. Adquirimos ou recusamos.
Há quem diga que atitudes valem mais que palavras, mas certas coisas, só palavras podem tornar possíveis. Um "eu te amo", um " você é importante pra mim", podem significar muito mais do que anos e anos de atitudes á fio.
Poesias são palavras. Músicas são palavras. Declarações são palavras.
Palavras obliteram o tempo. Uma palavra certa apaga os erros, acalma o coração.
Palavras sãos dons e o importante é saber usá-las porque o fato é que se você fere alguém com uma arma, você mata um corpo. Se você fere alguém com palavras, você mata uma alma!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mário Quintana
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...
Mário Quintana

sábado, 27 de fevereiro de 2010






ACORDEI TRISTE

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Hoje acordei assustada , sonhei com coisas que não queria , acordei gritando, assustando o marido que ao meu lado dormia .

E ele perguntou o que foi mulher ? (risos)E eu disse : Apenas um sonho ruim , e ele volta dormir e meu deu um beijo na testa .

As vezes sonhamos com coisas que não devemos, mas como controlar nossos pensamentos , NE?

Nosso passado toda hora bate a porta , todas as pessoas que um dia por ventura passou por nossas vidas sempre voltam ao nosso pensamento, parece que querendo roubar um pouquinho de espaço e um tanto de nosso coração .

Acordei com saudade de muitas coisas de bons amigos e de bons amores do passado , que hoje estão guardados dentro de 7 chaves , mas sempre estão voltando ao meu pensar

Como frei ar nossos pensamentos? Como?
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manoel Bandeira

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CÉUS

meus céus não são azuis
são cinzas.. turvos e amarelos

olhe dentro de mim..
e se o que restar for apenas o outro eu de mim??
ah.. estou com medo
de sair à procura
e não encontrar..
perdi o seu nome
em meio às minhas travessias e teias..
e tenho medo
de não ter restado nada
daquilo que ainda restava de mim.

É impossível ser feliz sozinho?







A limentar muita expectativa é o caminho mais curto para a frustração. Mais uma vez a máxima se confirmou: fui assistir a Amor sem Escalas, o badalado filme do mesmo diretor do excelente Juno, e não fiquei impactada como se prenunciava. Achei bom, apenas. Tem alguns diálogos espertos e uma inversão de papéis inusual (no que se refere a relações entre homens e mulheres), mas, apesar do frescor que Jaison Reitman imprime a seus filmes, desta vez ele por pouco não escorregou pro sentimentalismo barato. Dentro do mesmo tema – é possível ser feliz sozinho? – prefiro Estrela Solitária, de Wim Wenders, que tratou sobre o isolamento do ser humano com muito mais poesia e beleza.

Ainda assim, uma frase me marcou. “Pense nos melhores momentos da sua vida: você estava sozinho ou acompanhado?”.

Pode não ser comum, mas há pessoas que não têm nenhuma vocação para constituir família, e nem por isso merecem a cadeira elétrica. Eles simplesmente preferem estar em movimento, não ter amarras, e essa liberdade cobra um preço que, se costuma ser alto para a maioria, para outros pode ser uma dívida fácil de quitar.

Eu bem que gosto de ficar sozinha. Já tive ótimos momentos comigo mesma dentro de um trem, em frente ao mar, lendo um livro. Mas reconheço que os momentos sublimes, aqueles eleitos como inesquecíveis, aconteceram quando eu estava “avec”. Reconhecer isso não faz eu desprezar a solidão, mas me impede de adotá-la como estilo de vida permanente.

Sozinha eu posso ser mais livre, mas não sou desafiada. Compartilhar a vida com alguém exige participação: a gente é impelido a se manifestar, a traduzir em gestos e palavras o que estamos sentindo, e isso engrandece o momento, cria vínculo, avaliza o que está sendo vivido, confere magia ao instante, credibiliza aquilo que está nos deixando emocionado.

Não precisa ser um momento repartido apenas com seu grande amor: pode ser também com os pais, com um irmão, um amigo, até mesmo com desconhecidos. Quando se olha nos olhos dos outros e se compreende o que se está passando, a sintonia se dá, mesmo silenciosa. Lembrei de Scarlett Johansson sozinha num bar de hotel em Tóquio, percebendo o também solitário Bill Murray tomando seu uísque, em Encontros e Desencontros. A secreta comunicação do olhar entre ambos dava sentido ao que não havia sentido algum.

Pode acontecer entre dois, e também pode acontecer entre muitos. Um estádio de futebol lotado, com a massa gritando pelo mesmo time. Um show vibrante, todos cantando a mesma letra. Imagine se o espetáculo fosse exclusivo pra você: que graça teria?

Estando sozinhos, a sensação interna sobre o que está sendo vivido é quase triste, mesmo que não seja.

Juntos, até o que não parece alegre, fica.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Amo, Vinicius de Morais


Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

hum


Enlace tua boca na minha,
porque posso ser tua Rainha.
Revolva tuas palavras porque sei,
que tu já mereces status de Rei.

Meu corpo se cola ao teu,
porque teu desejo também é meu.
Meus olhos brilham, eterno apogeu...
reflexo das estrelas presentes nos teus.

E minh' alma se enche de gozo,
acobertada pelo teu sorriso manhoso.
A cama é pequena e o lençol muito curto,
pra cobrir os dois maiores amantes do mundo.

O tempo nos quer unidos,
como mártires da geração "amor perdido".
E a brisa nos embala nesta vida,
como o vento levará as cinzas unidas.

Ariana Mendonça

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

É ISSO !



A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
Charles Chaplin


Acordei abusada, ainda de ontem. É que odeio quando prometem o que não cumprem. Sim, sabe aquelas pessoas que dizem e não fazem?
Infelizmente eu tenho pavor. Sei que devemos amá-las como são, mas tenho a impressão que disso, eu não aprendi. Como aprende-se a amar sem ser amado? Socorro, será que o mundo assim sempre será? Se for meu deus, afasta-me desse lugar que chamam de mundo e coloca-me onde existe amor de verdade. Amor do tipo dito e feito. Sim, eu digo e faço. Eis-me aqui, minha admiração.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Auto Controle



Meus sonhos podem ser guardados em caixa de fósforos. Grandes ou pequenos, são meus. Sem receio de ser egoísta, quem sabe um dia, num momento normalíssimo do cotidiano, eu risque todos os fósforos. Eu odeio quando sou ritualístico, como quem espera,enfim, sou humano. Odeio a espera. Prefiro o imediatismo da vida. Guardo meus sonhos em caixa de fósforos pq tenho a certeza de que irei queimá-los. É que meu pai me disse uma vez assim:nunca sorria demais para não chorar demais. Tartarugas são as rainhas da frivolidade. E vivem 120 anos. São animais desprovidos de qq resquício de sistema límbico. São efêmeras. Andei pensando em tartarugas. São mocinhas sábias.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Estou aqui em meio a uma insegurança confusa e tenho medo do que posso entornar neste papel tão frio; estou com medo de deixar fluir meus pensamentos! Não posso perder aquilo que mais tenho de valor, não posso deixar que a minha vida seja vendida para pessoas que jamais irão buscar o não-dito. Sempre que penso nesta palavra me vem à cabeça uma pessoa idiotamente mágica. Uma pessoa na qual eu fiz de espelho; eu quis acreditar que era mesmo a melhor forma de amar. E quer saber? Não sei mais o que é isto, o que é melhor ou não. Num dá pra saber o que é certo ou errado. Estou fazendo tudo isto só porque estou magoada e criei mais um de meus bloqueios? Você não sabe o que sei; você me enganou? Afirmou-me mentira mais uma vez? Eu sempre fui cega? Não sei o que sinto, nunca soube! Talvez nunca tenha sentido nada, talvez eu tenha criado sua imagem fútil para que meu prazer fosse realizado. Há a possibilidade de ter me amado em você; de eu ter amado você de fato; de você ter me amado e quis fugir de mim com suas palavras estúpidas, cortantes que deixou estilhaçada, como um vidro, num chão sujo, o meu coração. Ou mesmo que seu olhar sempre brilhante para mim fosse uma linda mentira que manteve meu entretenimento, mas fez com eu não estivesse de fato em contato comigo mesma.

Nao sei


Não sei o que escrever...escrevo por não saber o que temo saber, por deixar as certezas de lado e preferir as dúvidas. Deixar as criaturas aos dissabores da vida, fingir que estou em um círculo e me ver em um retângulo, incerto, longo, maior que meu quadrado de ilusões, maior do meu âmago, de mim em mim, sou criatura ativa, viva, quero me jogar em um mar de você, e me afogo quando não respiro, tenho que ir, deixo esse vazio perdurar nesse oceano , certa de que há terras alem dessas, alguém me mostrou o futuro, leu em minhas linhas imaginárias, mostrou-me o mundo e hoje só o abismo da nossa liberdade assistida, do nosso livre arbítrio arbitrário, do falso desejo de ser bom, vítimas do nosso ego, desejos pérfidos, pairam no ar, me vejo só. Meu trouxe o mundo, tenho-o pela frente, vou segui...

VAMOS CHAMAR O VENTO


SOPRO.

Perguntei ao vento quanto tempo ainda resta,
E se ainda resta algum tempo.
Quis saber da vida se o tempo é uma ferida
Que não quer cicatrizar.
Inquiri da sorte o dia em que a morte
Romperia em mim o vil cordão.
Só pra ir mais longe,
Só pra ir além.
Só pra não pertencer mais a ninguém.
Só pra o tempo me esquecer.
Sopra em mim a razão do vento,
Sem remorso ou acalento.
Amasiei-me com a dúvida
Pra não desposar a solidão.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Muito corajoso

São Paulo


...Quem é rico anda em burrico

Quem é pobre anda a pé

Mas o pobre vê nas estrada

O orvaio beijando as flô

Vê de perto o galo campina

Que quando canta muda de cor

Vai moiando os pés no riacho

Que água fresca, nosso Senhor

Vai oiando coisa a grané

Coisas qui, pra mode vê

O cristão tem qui andar a pé


(Estrada de Canindé, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)



Crônica da cidade grande



Gosto de caminhar. É a chance que tenho de sentir as pessoas e através delas reconhecer a cidade, suas entranhas e segredos. O vício do carro nos trouxe o encurtamento dos sentidos, a atrofia da visão. Não vemos além do que nos interessa, e ignoramos o que achamos não fazer parte do sentido do caminho: queremos chegar, descartamos o resto.

Houve ruas em São Paulo que só conheci de carro. Anos depois, passando por elas, me espantei com a vida que deixei de perceber, e com o que a pressa me induziu a ignorar. Moramos na cidade, mas nela quase já não vivemos. A urbanidade nos tornou seres sorumbáticos, arredios, desconfiados...

Tive o privilégio de crescer numa cidade pequena. Conhecia cada palmo de suas ruas, cada pedra do rio que a cortava ao meio, cada árvore e seus tempos de frutificar. Eu estava na cidade, da mesma forma que suas ruas caminhavam em minhas pegadas de moleque.

Um dia desses, caminhando na madrugada pelas íngremes ruas da Lapa paulistana, me surpreendi com o cantar de um galo, e com a lembrança que este som reavivou. Num átimo voltei à infância, a ponto de poder sentir a presença de meus irmãos e de minha avó dormindo a meu lado. No pontilhão ao lado da janela, o trem da madrugada marcava a hora exata.

Que som lembrará São Paulo? Buzinas e sirenas?

A urbanidade nos tornou cidadãos frios e pragmáticos. Fugimos da cidade grande, como se viver aí fosse um martírio, um sacrifício necessário na dura sina de ganhar a vida. O espaço solidário tornou-se o espaço frio da competição.

Caminhando pelas íngremes ruas da Lapa assustei-me com a infinidade de prédios em construção. E com a destruição de áreas que um dia tiveram significância na vida das pessoas. A cada prédio, serão inúmeros carros a entupir vielas e a reclamar por espaço. E em cada um, muros altos e cercas elétricas a proteger seres amedrontados.

Nas ruas da Lapa paulistana dei-me conta de que estamos destruindo memórias e referências. Não partilhamos mais o mesmo espaço. A São Paulo dos prédios e dos carros velozes concorre com a São Paulo dos cortiços e favelas e dos ônibus lotados.

Na cidade que um dia foi solidária, a chuva não mais encontra a terra, e graças a ela posso perceber a lição da natureza no verde que brota nas frestas e nas rachaduras do concreto...